FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
WJDW

quarta-feira, 23 de maio de 2012

120 MULHERES ENVENENADAS-TALIBÃ NÃO ADMITE QUE MULHERES TENHAM ACESSO A EDUCAÇÃO


TALIQAN, Afeganistão — Mais de 120 estudantes, todas meninas, e três professores foram envenenados no norte do Afeganistão. É o segundo ataque do tipo em meses no país, e a polícia e as autoridades escolares culpam radicais conservadores pela ação.

O incidente aconteceu na província de Takhar, onde, de acordo com a polícia, radicais que se opõe à educação de mulheres e meninas usaram substâncias tóxicas não identificadas para contaminar o ar das salas de aula. Várias alunas ficaram inconscientes.


O Diretório Nacional de Segurança, a agência de inteligência do Afeganistão, afirma que o Talibã tem a intenção de fechar escolas antes da retirada das tropas internacionais do país.

— Parte da operação Ofensiva de Primavera deles é fechar escolas. Ao envenenar garotas eles querem criar medo. Eles tentam fazer com que as famílias não mandem seus filhos para a escola — afirma Lutfullah Mashal, porta-voz do diretório.

O Ministério de Educação do Afeganistão informou na semana passada que 550 escolas de 11 províncias onde o Talibã tem forte apoio foram fechadas por insurgentes. No mês passado, 150 alunas foram envenenadas na província de Takhar após beber água contaminada.

Desde que o Talibã foi expulso do poder em 2001, as meninas afegãs voltaram a frequentar as escolas, especialmente na capital Cabul. Antes, mulheres não podiam trabalhar nem ter acesso à educação.

O país ainda enfrenta ataques periódicos contra estudantes, professores e escolas, geralmente no sul e leste, partes mais conservadoras do país onde o Talibã tem maio apoio.



Fonte: O Globo



terça-feira, 22 de maio de 2012

Mortalidade Materna está Ligada ao Acesso aos Serviços da Saúde

(Ministra Eleonora Menicucci, especial para o Correio Braziliense) A mortalidade materna é um problema complexo que se configura como importante sinalizador da condição de vida e de saúde das mulheres.



O problema da mortalidade materna está diretamente ligado ao acesso aos serviços de saúde, desde o pré-natal com qualidade até o leito materno, passando necessariamente pelo acesso a informações claras sobre a saúde e os direitos reprodutivos. Na ponta do processo, como decisor, surge a apropriação do direito à saúde por parte da população feminina.


As informações sobre mortalidade materna configuram-se como o melhor indicador para a avaliação geral da qualidade da saúde das mulheres. Por padrão, as informações retratam o número de mortes de gestantes e o de mulheres que já tiveram seus bebês num período de até 42 dias após o término de suas gestações.


Assim, em 20 anos (de 1990 a 2010), o Brasil viu a mortalidade materna cair pela metade. Em 1990, para cada 100 mil gestações com bebês nascidos vivos, 141 mulheres morriam. Já em 2010, para cada 100 mil gestações com bebês vivos, tivemos a perda de 68 mulheres.



Esse avanço reflete a melhoria do atendimento à saúde das mulheres. Houve diminuição em todas as causas diretas de mortalidade materna. Reduziram-se as mortes decorrentes de causas relacionadas à hipertensão arterial, área que registra queda de 66,1%; às hemorragias (diminuição de 69,2%); infecções pós-parto (menos 60,3%); aborto inseguro (queda de 81,9%); doenças do aparelho circulatório complicadas pela gravidez, parto ou período de 42 dias após o término da gestação (redução de 42,7%).



Um dado do primeiro semestre de 2011, especialmente, é para ser comemorado: a diminuição recorde das mortes maternas por causas obstétricas. Tivemos 19% menos mortes desse perfil em relação a 2010 %u2014 ou seja, o salto benéfico se verificou em apenas um ano. Notificaram-se 870 mortes por causa obstétricas no primeiro semestre de 2010, enquanto no segundo semestre de 2011 registraram-se 705 mortes. Isso significa que o Brasil conseguiu passar a resgatar para a vida uma mulher do grupo de cada cinco que morriam por essa razão.



Avanços assim ancoram-se num quadro geral, ou não acontecem e menos ainda se sustentam. O Brasil avançou em melhoria de renda; mais de 40 milhões de brasileiros e brasileiras transpuseram o portal da pobreza; o país é hoje majoritariamente de classe média. O rendimento médio mensal das mulheres, que em 2004 era de R$ 613, atingiu R$ 786 em 2009. Ainda é desigual em relação ao dos homens, mas vem avançando e agora chega a 73,4% do masculino. A expectativa de vida feminina ao nascer, que em 1991 era de 70,9 anos, passou para 77,1 anos em 2009.



A própria educação formal vem aumentando seus números. Enquanto em 2003 apenas 5% das mulheres à procura de emprego tinham nível superior, em 2009 esse universo expandiu-se para 8,1%. Elas exibem maior escolaridade que os homens.



Ao lado disso, políticas públicas formuladas desde 2003 pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, em conjunto com o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, sem dúvida impactam positivamente na melhoria da condição de vida das mulheres.



Mas, para além dos avanços, o governo tem o desafio e o compromisso de cumprir a Quinta Meta dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio, da ONU, que é de reduzir a mortalidade materna em 75% entre 1990 e 2015.

Nesse sentido, está sendo implementada a Rede Cegonha, programa do Ministério da Saúde, além de outras iniciativas integradas, que perpassam toda a estrutura governamental.



Entre os itens fundamentais para se reduzir continuamente a mortalidade materna destaca-se a própria qualificação das informações. Essa demanda tem sido enfrentada pelos Comitês de Investigação da Mortalidade Materna, que serão fortalecidos com a implementação da Rede Cegonha. Assim, ao mesmo tempo em que as informações mostram sem subterfúgios o quanto precisamos avançar, o refinamento desses dados e as próprias políticas públicas apontam a perspectiva da maternidade como garantia de vida para as crianças, mas, como condição sine qua non e cada vez mais próxima, para as próprias mães.



Afinal, nosso maior desafio enquanto integrantes do governo da primeira mulher presidente do Brasil é o de não aceitar que nenhuma mulher morra em decorrência da falta de atendimento no período da gravidez, do parto e do puerpério.



Eleonora Menicucci é ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República


Fonte:Patrícia Galvão.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

SAARTJES BAARTMAN - VÊNUS NEGRA



Um dos dramas mais comoventes da humanidade foi a vida de Saartjes Baartman e este filme mostra de uma forma ácida sua vida breve e triste.

Realizado pelo actor e realizador Abdellatif Kechiche (“La Faute à Voltaire”, “A Esquiva” e “O Segredo de um Cuscuz”), um filme biográfico sobre a trágica história de Saartjes Baartman, uma mulher da tribo Khoikhoi que, no início do século XIX e devido às suas características físicas específicas, deixou o sul de África para ser exibida nos salões europeus sob o nome “Venus Hotentote”, com promessas vãs de uma vida dourada.

Chegada à Europa, depois de viajar por toda a Inglaterra em espetáculos de aberrações, é estudada por alguns dos mais conceituados naturalistas e anatomistas da época, que usaram as suas investigações para justificarem a inferioridade dos negros, num esforço claro de legitimação do racismo e escravatura. A 29 de Dezembro de 1815, Saartjie Baartman morreu alcoólica e na miséria.

O seu corpo foi doado ao Musée de l’Homme de Paris, onde o seu esqueleto, órgãos genitais e cérebro foram conservados em formol e exibidos até 1974. Em 2002, a pedido do então Presidente sul-africano Nelson Mandela, os seus restos mortais regressaram ao seu país, onde foi feita uma cerimonia fúnebre.

Vênus Negra - Trailer legendado

A emocionante história de Saartjes Baartman, mulher negra que deixou, em 1808, o sudeste africano rumo à Europa, seguindo o rastro de Hendrick Caesar em busca de fama. Ao chegar em Londres, descobre que a única intenção dele é expô-la como uma aberração.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

DILMA: AJUDA FINANCEIRA PARA MULHERES COM FILHOS ATÉ 6 ANOS

Governo prepara pacote na área social que prevê ajuda financeira a mulheres de baixa renda com filhos até 6 anos. Medidas, que envolvem vários ministérios, serão anunciadas no Dia das Mães e têm foco na primeira infância. Previstas para serem anunciadas no Dia das Mães, no próximo domingo, as propostas envolvem vários ministérios (Educação, Saúde e Desenvolvimento Social) e dependem do aval da Fazenda. O foco é a primeira infância, que inclui crianças de zero a seis anos. Uma das medidas prevê um novo benefício para mães de baixa renda beneficiárias do Bolsa Família e que têm filhos nessa faixa de idade. Atualmente, 13 milhões de famílias recebem os benefícios do Bolsa Família. No ano passado, o governo gastou R$ 17,1 bilhões com o programa. Outras medidas deverão garantir mais dinheiro para ações nas áreas de educação e saúde. Como as ações implicam em mais despesas, o pacote precisa ser avaliado pela área econômica do governo antes de ser definido. Dilma comunicou sua intenção de lançar o programa em reunião com os líderes da base aliada na última quinta-feira. Eles tinham sido convocados para conhecer a mudança feita pelo governo na remuneração da poupança.

sábado, 5 de maio de 2012

SOMOS MULHERES, VAMOS À LUTA. SIMONE BEAUVOIR

SIMONE DE BEAUVOIR VIVE Monica Valby | 2006 extraído do Label France nº 63 Quando ela morreu, em 1986, a filósofa Elisabeth Badinter declarou: “Mulheres, vocês lhe devem tudo!” Vinte anos depois, Simone de Beauvoir continua a ser aquela que, com seu livro O Segundo Sexo, fez voar em estilhaços a camisa de força da pretensa “inferioridade feminina”. E viveu como uma mulher livre. Existem moças na França, estudantes inclusive, que ignoram quem ela é. A antropóloga Françoise Héritier encontrou algumas durante um colóquio do CNRS (Centro Nacional para a Pesquisa Científica). Um ano depois, a professora honorária do Collège de France não esconde sua surpresa. Como desconhecer Simone de Beauvoir, autora do Segundo Sexo, um livro internacionalmente considerado como a base do feminismo contemporâneo? Beauvoir diria, mais tarde, que não era assim que havia imaginado entrar para história, mas, como boa existencialista, assumiu o fato. Nascida em 1908, desde muito jovem tinha o projeto de não se casar, tornar-se filósofa e escrever. O casal que formava com Jean-Paul Sartre, baseado na liberdade e na confiança mútuas foi um marco da vida literária e política dos anos 1940 até os anos 1970. Como intelectuais “engajados”, ou seja de esquerda, produziram uma obra de vulto, sendo cada um o primeiro leitor do outro. Uma mulher e uma escritora completa Romancista, dramaturga e jornalista, Beauvoir entrelaçou vida e obra de forma inextricável. Nos relatos autobiográficos[1] quis tudo explicar e explicar-se a respeito de tudo, mantendo um distanciamento. Entretanto, sua correspondência póstuma revela, nas cartas a Nelson Algren, seu amor americano que encontrou em 1947 em Chicago e que fez dela uma “mulher completa”, amando com “corpo, coração e alma”, uma mulher encantada, curiosa a respeito de tudo, jovial e completamente apaixonada. Isto é contado em Os Mandarins, pelo qual recebeu o prêmio Goncourt de 1954. Essa distinção não foi suficiente para abafar o escândalo provocado em 1949 pela publicação de O Segundo Sexo, uma análise política sem precedentes da questão feminina. Beauvoir demonstra que a inferioridade feminina não é natural e sim construída socialmente, fato que, no entender de Françoise Héritier, é “um modo novo de falar do gênero”. Beauvoir insiste na igualdade entre os sexos e incita as mulheres a se emanciparem, principalmente através da independência econômica. Muitos homens enfureciam-se com o livro, enquanto as mulheres o liam. Até sua morte, milhares de mulheres escreveram a Beauvoir, algumas para dizer que seu texto as tinha salvo. A americana Betty Friedan[2] dedicou a ela, em 1963, A Mulher Mistificada, segunda obra fundadora do feminismo[3]. Mudar o mundo Durante toda a vida, tal como Sartre, Beauvoir serviu-se de sua notoriedade para defender os intelectuais e os “oprimidos”, especialmente as mulheres. Nos últimos quinze anos de sua vida, encontrou nas mulheres do “movimento” um radicalismo e uma exigência de clareza à sua medida e ela se engajava nesse movimento entusiasmada, “porque elas não eram feministas para tomar o lugar dos homens, mas sim para mudar o mundo”, declara ao jornal Le Monde em 1978, afirmando a seguir: “Mantenho absolutamente a frase: não você se nasce mulher, torna-se”. Tudo o que eu li, vi, e aprendi nestes últimos 30 anos confirmaram essa idéia. A feminilidade é fabricada, como aliás também se fabricam a masculinidade e a virilidade”. Ela criou a associação Escolher para o Direito a uma Maternidade Desejada, em conjunto com a advogada Gisèle Halimi, o Centro Audiovisual Simone-de-Beauvoir, com a atriz Delphine Seyrig e Carole Roussopoulos e a Liga do Direito das Mulheres. “Essa mulher que não quis ter filhos tem, hoje, milhões de filhas pelo mundo”, observa com humor a escritora Benoîte Groult. Simone de Beauvoir é venerada pelas feministas, que a lêem e estudam, principalmente fora da França. A Simone de Beauvoir Society, com sede na Califórnia, realizará seu 14º colóquio em Roma, na Itália, em setembro de 2006. A jornalista Bénédicte Manier constatou que, na Índia, “em todas as discussões sobre as mulheres, ao cabo de dez minutos , as indianas citam Simone de Beauvoir”. Em comparação, seu lugar na França é muito discreto. Seus escritos não estão incluídos no programa escolar e só encontramos 7 das 68.000 escolas francesas com seu nome. Porém, a vida é movimento. Simone de Beauvoir vai entrar para a paisagem parisiense, pois uma nova passarela sobre o Sena, em frente à Biblioteca François-Mitterrand, terá o seu nome. Um reconhecimento raro e duradouro. “Sua herança é imensa” Entrevista com Anne Zelensky-Tristan[4], co-fundadora, em 1974, da Liga do Direito das Mulheres, presidida por Simone de Beauvoir. “A idéia da Liga do Direito das Mulheres partiu dela, que estava irritada com a inércia da Liga dos Direitos Humanos nesse tópico. A associação foi fundada por várias mulheres e presidida por Beauvoir. Ela sempre esteve muito presente. Em 1971, estava à frente do Manifesto das 343, assinado por mulheres conhecidas que declaravam ter-se submetido a um aborto[5]. O escândalo foi imenso. Em 1972, participou das duas Jornadas de denúncias dos crimes contra as mulheres. Na sala da Mutualité[6], ela esteve sentada conosco, em círculo, no grupo do aborto. Simone de Beauvoir foi, para mim, um modelo vivo e um modelo de vida. Já muito jovem eu quis viver como ela, assumir minha liberdade. Sempre admirei a tentativa dela e Sartre de reinventar o casal, tentativa esta que continua à frente do que se faz hoje. Hoje, os jovens mal conhecem Simone de Beauvoir, pois ela foi extirpada dos programas. O Segundo Sexo continua sendo uma bomba para o sistema patriarcal! Apesar dos guardiães do templo, sua herança é imensa.”