FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
WJDW

domingo, 27 de março de 2011

CARTA ABERTA PARA SANDY


Carta aberta para Sandy-01/03/2011 por Tica Moreno

Quando eu estava no ensino médio, você fez um desserviço pras meninas da minha idade, que é a mesma idade que a sua.
Foi a época da “garota sandy”: uma jovem, bonita, magra, de cabelo liso, a filha que todo pai e mãe queria ter, rica…. e virgem. E que afirmava que queria casar virgem.
A garota sandy era aquilo que nenhuma de nós éramos, mesmo que a gente tivesse uma ou outra característica dessas aí de cima. A verdade é que a gente nem queria ser daquele jeito.
Foi a primeira vez (que eu me lembre) que eu me vi sendo comparada com um modelo de mulher que eu não queria ser. E eram os outros que nos comparavam. Aí a gente foi se sentindo inadequada, umas mais, umas menos.
Qual era (qual é) o problema de não casar virgem? (Isso pra não perguntar qual é o problema de não querer casar…)
Você não acha um problema de fato, até porque há alguns anos você afirmou que não tinha casado virgem. Fico até aliviada por você, porque imagina se não fosse bom com seu marido? Ainda mais se a relação de vocês for monogâmica e conservadora… Não desejo uma vida sem orgasmo nem pro meu pior inimigo.
Mas voltando. O padrão “garota sandy” não foi uma reportagem qualquer que saiu na revista da folha. Reforçou um padrão que faz com que a anorexia e a bulimia estejam entre as principais doenças de jovens mulheres, que faz com que milhões de meninas e mulheres vivam sua sexualidade a vida inteira de forma passiva, em função do desejo e do prazer do cara, que faz as meninas e mulheres que são donas do seu desejo serem consideradas vadias, vagabundas, putas, devassas.
O machismo faz isso: separa as mulheres entre santas e putas, “valoriza” as santas e puras e desqualifica, discrimina, violenta as “putas”.
Deve ter algum motivo pra você se afirmar como santa, e não como puta, numa época da sua vida.
E daí eu vou te dizer, caso você ainda não tenha entendido o porquê dessa carta aberta, seu segundo desserviço pras mulheres. Ser a nova garota devassa.
Pra quê?? De dinheiro você não precisa.
Você não estudou psicologia? Deveria ter aprendido alguma coisa sobre sexualidade teoricamente, além da prática (que, de novo, espero que seja boa pra você).
Nem as santas, nem as putas, são donas do seu desejo, do seu corpo, da sua sexualidade. O símbolo da devassa, e o imaginário que essa cerveja construiu – e que você vai propagandear – é o de uma mulher feita nos moldes do que a maioria dos homens tem tesão por. Importa o tesão deles, e não o nosso.
As revistas femininas (e as masculinas) fazem isso também. Sabe aquelas dicas da Nova pra fazer qualquer mulher deixar qualquer homem louco na cama? Então. É o mesmo machismo, a mesma submissão.
Você de alguma forma tá querendo apagar a imagem de santa, usando a idéia de que você pode ser devassa?
Vou te dar um conselho… de mulher pra mulher: você não precisa ser santa, nem puta. Você pode ser livre.

sábado, 19 de março de 2011

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA ÀS MULHERES NEGRAS BAIANAS- 23 DE MARÇO/2011


O CEAFRO, um programa de extensão do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) da Universidade Federal da Bahia (UFBa), lança na próxima 4ª feira, (23/3), às 9 horas, uma campanha estadual contra a violência às mulheres negras baianas. A medida visa chamar a atenção da sociedade civil e órgãos públicos ao grave cenário de agressão em que vivem as mulheres negras; fortalecer a imagem das mulheres negras em suas lutas contra as distintas formas de violência, que se dão no âmbito doméstico, intra-familiar ou no acesso aos serviços e nos processos de defesa. O lançamento ocorrerá na sede do CEAO/CEAFRO, localizada no Largo Dois de Julho.

Pesquisas, como a da Fundação Perseu Abramo, faz o alerta: a cada dois minutos, nada menos do que cinco mulheres são agredidas no Brasil, onde diariamente uma média de 10 mulheres são assassinadas. Se não bastasse, nos últimos 12 meses 1 milhão 300 mil mulheres, com mais de 15 anos, foram agredidas. Já o serviço Ligue 180, uma Central de Atendimento à Mulher, da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM/PR), informa: de janeiro a dezembro de 2010 foram registrados 734.416 atendimentos, um aumento de 82,8% em relação a 2009 (269.977). Ainda segundo a SPM/PR 47% das usuárias dos serviços de atendimento a vítimas de violência - que em 2010 chegou a 5.302 - possuem nível fundamental de escolaridade. Dessas, 51,7% tem idade entre 20 e 35 anos; e 58,3% se declaram pardas ou pretas. Ainda segundo a SPM/PR, o Estado da Bahia ocupa o desconfortável 3º lugar em número de atendimentos do Ligue 180.

A iniciativa do CEAFRO faz parte do projeto Encruzilhada de Direitos - raça, gênero e enfrentamento à violência contra as mulheres negras na Bahia, coordenado pela socióloga Vilma Reis, e desenvolvido há dois anos em 15 territórios baianos, com o apoio da SPM/PR e da Superintendência de Políticas para as Mulheres da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade (Sepromi). No mesmo dia, mulheres desses 15 territórios também estarão lançando a campanha em suas cidades, comunidades e organizações, mobilizando mulheres quilombolas, agricultoras, sindicalistas, universitárias etc.

Nessa primeira etapa da campanha, foram produzidos spots de rádio e tv, que contaram com o apoio da cantora Márcia Short (voz e imagem) e do percussionista Sérgio Othanazetra (trilha sonora); cartazes, marcadores de livros, sacolas e foi criado um blog. Na segunda fase, serão produzidos outdoors, busdoors e a publicação do “Dossiê da Violência Contra as Mulheres na Bahia”, com dados de uma pesquisa desenvolvida pelo CEAFRO de janeiro de 2009 a março de 2010, nos jornais A Tarde, Correio da Bahia e Tribuna da Bahia.

Participam do lançamento da campanha representantes de organizações de mulheres de Salvador e Região Metropolitana, e de outros Territórios de Identidade; de órgãos públicos a exemplo da Sepromi, Ministério Público, Defensoria Pública, Varas Especializada nos casos de Violência contra a Mulher, Delegacias de Atendimento a Mulheres, Casas Abrigo, Centros de Referência, Redes Municipais de Serviços e dos conselhos municipais de direitos. A partir da ação da Superintendente de Políticas para Mulheres, Valdecir Nascimento, da Sepromi, foi criada a Rede de Atenção para Mulheres em Situação de Violência, que já atua em 22 dos 26 Territórios de Identidade da Bahia. A rede é formada por diversas instituições públicas e entidades da sociedade civil de mulheres.

Mais informações:
Vilma Reis – Coord. do Projeto Encruzilhada de Direitos
Tel.: (71) 9994.3749
Ceres Santos – Coord. Executiva do Ceafro
Tel.: (71) 9989.7243

terça-feira, 8 de março de 2011

POEMA PARA AS MULHERES ASSASSINADAS- 8 DE MARÇO DIA INTERNACIONAL DA MULHER


HOJE RECEBI FLORES

MAIO
Hoje recebi flores!
Não é o meu aniversário
ou nenhum outro dia especial;
tivemos a nossa primeira discussão ontem à noite,
ele me disse muitas coisas cruéis que me ofenderam de verdade.
Mas sei que está arrependido e não as disse a sério,
porque ele me enviou flores hoje.
Não é o nosso aniversário ou nenhum outro dia especial.

JUNHO
Ontem ele atirou-me contra a parede e começou a asfixiar-me.
Parecia um pesadelo, mas dos pesadelos nós acordamos
e descobrimos que não é real.
Hoje acordei cheia de dores e com golpes em todos lados.
Mas eu sei que está arrependido
porque ele me enviou flores hoje.
E não é Dia dos Namorados ou nenhum outro dia especial.

JULHO
Ontem à noite bateu-me e ameaçou matar-me.
Nem a maquiagem ou as mangas compridas poderiam ocultar
os cortes e golpes que me ocasionou desta vez.
Não pude ir ao emprego hoje
porque não queria que se apercebessem.
Mas eu sei que está arrependido
porque ele me enviou flores hoje.
E não era Dia das Mães ou nenhum outro dia.

AGOSTO
Ontem à noite ele voltou a bater-me, mas desta vez foi muito pior.
Se conseguir deixá-lo, o que é que vou fazer?
Como poderia eu sozinha manter os meus filhos?
O que acontecerá se faltar o dinheiro? Tenho tanto medo dele!
Mas dependo tanto dele que tenho medo de o deixar.
Mas eu sei que está arrependido,
porque ele me enviou flores hoje.

SETEMBRO
Hoje é um dia muito especial: é o dia do meu funeral.
Ontem finalmente ele conseguiu matar-me. Bateu-me até eu morrer.
Se ao menos tivesse tido a coragem e a força para o deixar...
Se tivesse pedido ajuda profissional...
Hoje não teria recebido flores!

quarta-feira, 2 de março de 2011

CAMPANHA DE PREVENÇÃO A AIDS NO CARNAVAL, ELEGE GAROTAS COMO ALVO


No Brasil, a cada oito meninos de 13 a 19 anos que são portadores do HIV, dez meninas dessa faixa etária estão na mesma situação. Em alguns Estados, a situação é mais grave.


O fenômeno, que o Ministério da Saúde classifica como uma "feminização" da epidemia, levou o órgão a eleger meninas e jovens até 24 anos como foco da campanha de carnaval pelo uso de preservativos, pelo segundo ano consecutivo.

"Hoje a proporção de mulheres infectadas pelo HIV ultrapassou a de homens justamente na faixa etária de 13 a 19 anos. A nossa preocupação é que isso pode ampliar a feminização da epidemia. E a ideia da campanha é encorajar meninas, moças e jovens, na hora H, a pedir a camisinha", afirmou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que participou do lançamento da campanha na quadra da escola de samba Salgueiro, na zona norte do Rio.

A segunda etapa da campanha será para incentivar o teste de HIV, sífilis e hepatite B entre aqueles que não fizeram sexo seguro no carnaval. O próprio ministro fez o teste rápido, cujo resultado sai em 15 minutos. O ministério vai instalar tendas em locais movimentados, para que os foliões possam fazer os exames.

A estimativa do ministério é de que 630 mil pessoas sejam soropositivas. Dessas, 255 mil nunca fizeram o teste e desconhecem ser portadoras do vírus.

Padilha reconheceu que o lançamento da campanha ocorre a uma semana do carnaval, quando a festa já ganhou as ruas de muitas cidades, mas negou que tenha havido atraso e ressaltou que faz parte da estratégia do ministério divulgar o assunto no período mais próximo do carnaval.

Com o slogan "Sem camisinha não dá", a campanha inclui propagandas em tevê, spots de rádio e outdoors. O jingle Vou Não foi gravado pelo grupo Reginho e Banda Surpresa, conhecido pela música Minha Mulher Não Deixa, Não. O cantor Reginho, que sofreu grave acidente de ônibus madrugada de quinta-feira, compareceu ao lançamento.

Camisinha. Um quarto dos 400 milhões de preservativos distribuídos anualmente pelo Ministério da Saúde são produzidos por seringueiros de Xapuri, no Acre. A fábrica foi construída com financiamento do BNDES. De acordo com Padilha, as camisinhas produzidas com látex nacional são cinco vezes mais resistentes do que as importadas, de acordo com testes de pressão a que foram submetidas.

Fonte: O Estadão