FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
WJDW

terça-feira, 27 de abril de 2010

APELO: PRÊMIO NOBEL DA PAZ 2011 PARA AS MULHERES AFRICANAS





A África caminha com os pés das mulheres. No desafio da sobrevivência, todos os dias centenas de milhares de mulheres africanas percorrem as estradas do continente à procura de uma paz duradoura e de uma vida digna. Num continente massacrado há séculos, marcado pela pobreza e sucessivas crises econômicas, o papel desenvolvido pelas mulheres é notório.


A campanha, nascida na Itália, já percorre o mundo para incentivar a entrega do Prêmio Nobel da Paz de 2011 para as mulheres africanas.

A proposta é da CIPSI, coordenação de 48 associações de solidariedade internacional, e da ChiAma África, surgida no Senegal, em Dakar, durante o seminário internacional por um Novo Pacto de Solidariedade entre Europa e África, que aconteceu de 28 a 30 de dezembro de 2008.

Chama a atenção a luta e o crescente papel que as mulheres africanas desenvolvem, tanto nas aldeias, quanto nas grandes cidades, em busca de melhor condição de vida. São elas que sustentam a economia familiar realizando qualquer atividade, principalmente na economia informal, que permite cada dia reproduzir o milagre da sobrevivência.

Existem na África milhares de cooperativas que reúnem mulheres envolvidas na agricultura, no comércio, na formação, no processamento de produtos agrícolas. Há décadas, elas são protagonistas também na área de microfinanças, e foi graças ao microcrédito que surgiram milhares de pequenas empresas, beneficiando o desenvolvimento econômico e social, nas áreas mais remotas até as mais desenvolvidas do continente.

Além de terem destaque cada vez mais crescente na área de geração de emprego e renda, as mulheres, com seu natural instinto materno e protetor, lutam pela defesa da saúde, principalmente, contra o HIV e a malária. São elas, as mulheres africanas, que promovem a educação sanitária nas aldeias. E, além de tudo, lutam para combater uma prática tão tradicional e cruel na região: a mutilação genital.
São milhares as organizações de mulheres comprometidas na política, nas problemáticas sociais, na construção da paz.

Na África varrida pelas guerras, as mulheres sofrem as penas dos pais, dos irmãos, dos maridos, dos filhos destinados ao massacre e sabem, ainda, acolher os pequenos que ficam órfãos.

“As mulheres africanas tecem a vida”, escreve a poetisa Elisa Kidané da Eritréia.
Sem o hoje das mulheres, não haveria nenhum amanhã para a África.

Em virtude de toda essa luta e para reconhecer o papel de todas elas é que surgiu a proposta de lançar uma Campanha Internacional para dar o Prêmio Nobel da Paz de 2011, a todas as mulheres africanas. Trata-se de uma proposta diferente, já que esta não é uma campanha para atribuir o Nobel a uma pessoa singular ou a uma associação, mas sim, um Prêmio Coletivo, a todas essas guerreiras.

A ideia é lançar um manifesto assinado por milhões de pessoas, por personalidades reconhecidas internacionalmente e criar comitês nacionais e internacionais na África e em outros continentes. Além de recolher assinaturas, a campanha deve estimular também encontros organizados com mulheres africanas, convenções e iniciativas de movimento.

Nós, latino-americanos e latino-americanas, temos muito sangue africano em nossas veias e em nossas culturas. Vamos gritar nossa solidariedade com a África assinando a petição.

A criatividade dos Movimentos Sociais e Populares, das ONGs, grupos religiosos, universidades, sindicatos, etc., pode inventar mil atividades para difundir essa iniciativa e colocar a mulher africana no centro da opinião pública do mundo.

Pode-se criar comitês, eventos com debates sobre a África, show de artistas locais, palestras nas universidades, nos bairros, nas praças, lançamentos da coleta de assinaturas, etc. Nossa criatividade vai fortalecer os caminhos da África.


Os membros da campanha são todos aqueles que assinarem a petição online. E para fazê-lo é simples. Para assinar a petição, acesse o link: http://www.noppaw.net/?page_id=16.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A MODELO SOMALI WARIS DIRIE LUTA CONTRA A MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA

WARIS DIRIE




Ex-modelo internacional, a somali Waris Dirie alerta sobre a Mutilação Genital Feminina - prática comum em vários países africanos, além de parte do Oriente e da Europa - em que meninas são cortadas como pré-requisito para arrumarem casamento. A ideia absurda é de que, com a mutilação, seus desejos sexuais fiquem reduzidos, assim como a possibilidade de adultério. Tudo em nome da falsa segurança machista em relação à fidelidade da esposa e à castidade da noiva.

Ela é uma mulher negra que venceu na vida como profissional em uma carreira pra lá de disputada. Ex-modelo internacional de muito prestígio, Waris Dirie, porém, traz uma certa tristeza no olhar, tristeza essa atrelada ao seu país de origem, a Somália, ao seu povo e costumes. Aos cinco anos de idade, ela e duas irmãs (que não sobreviveram) foram submetidas a umas das maiores crueldades ainda praticadas em vários lugares do mundo em nome das tradições e crenças dos ancestrais: a Mutilação Genital Feminina, remoção ou costura dos lábios vaginais ou clitóris para a diminuição do prazer sexual. Muitos povos consideram a circuncisão feminina como um ato para manter a 'pureza' de uma jovem até o casamento.

Muitos homens recusam-se a casar com uma mulher que não tenha passado pelo "ritual", podendo alegar que a mesma é impura para o matrimonio ou até mesmo mais propensa a traí-lo. Para piorar a situação, tais 'operações' são feitas sem a menor condição de higiene, com objetos cortantes como facas, pedaços de vidros, lâminas, troncos de árvores e espinhos que, muitas vezes, são usados em várias meninas diferentes (com idades entre 3 a 15 anos ) sem nenhuma esterilização. As consequências são infecções graves que, se não levam à morte, provocam danos à saúde e levam a mulher à infertilidade, sem contar o dano psicológico. "Muitas dessas mulheres fazem tratamento psicológico pelo resto da vida", afirmou Waris, em recente visita ao Brasil.

Modelo de luta

Nascida em 1965, na Somália, Waris Dirie teve uma trajetória atribulada: aos cinco anos, passou pela estúpida mutilação; aos treze, foi obrigada pelo pai a se casar com um homem de 60 anos. A então menina, com a ideia de liberdade correndo nas veias, fugiu. Cruzou a pé o deserto da Somália, enfrentando animais selvagens e areias escaldantes por 500 quilômetros até chegar à capital, Mogadíscio. Voltar para casa ela não poderia, pois na certa seria punida e escravizada pelo próprio pai. Saiu do país em busca de alguma oportunidade de sustento e, principalmente, para gritar ao mundo mais tarde a crueldade que acontecia naturalmente na Somália. Em uma dessas oportunidades, foi descoberta por um fotógrafo inglês quando trabalhava em uma rede de lanchonetes.

Ela tinha 18 anos. A partir daí, sucessso, fama e dinheiro passaram a fazer parte da vida de Waris. "Mas posso te contar um segredo? Por tudo que vivi e sofri, não pense que eu gosto de ficar em hotéis 5 estrelas. Sou de família simples e gosto de gente, de me comunicar, de ser realmente livre", diz a ex-modelo, hoje embaixadora da ONU para o combate à mutilação genital feminina e fundadora da ONG Waris Dirie Foundation que, desde 2002, luta para erradicar de vez essa prática do mundo. "Fico feliz em saber que com os trabalhos de divulgação e alerta, 16 países na África já aprovaram a proibição desse costume", comemora. Autora de vários livros, sua biografia, Flor do Deserto ganhou as telonas. Lançado na Alemanha no final de 2009, o filme deve chegar aos cinemas brasileiros no primeiro semestre de 2011.

Em nome do pai

Estima-se que 140 milhões de mulheres tenham sido submetidas à Mutilação Genital Feminina em várias partes do mundo, tudo em nome da "tradição". A África lidera esse triste ranking. No continente negro mais de 20 países usam dessa prática para limitar o prazer feminino. Mas essa prática sem sentido não é feita apenas em nome de crenças, como conta Waris Dirie: Pelas muitas frentes de combate, a Mutilação Genital Feminina é uma prática condenada em todo o mundo.

Mas por que tal brutalidade ainda é tão praticada?

Uma das razões é que virou uma forma de comércio. Os pais vendem suas filhas em troca de dinheiro. É ele, na maioria das vezes, que ordena que sua menina seja mutilada. Elas são trocadas por dinheiro ou qualquer outra coisa do interesse paterno.

O problema, então, vai além do fator cultural?

Sim, a pobreza faz com que ele aconteça. É um problema terrível e acredito que se nos livrarmos da pobreza, da miséria, nos livramos também da Mutilação Genital Feminina.


Depois que você saiu da Somália e se tornou uma top model de sucesso, qual o seu grande objetivo?

Eu quero poder dormir e acordar livre para voar, sinto que estou só começando a luta. Quero poder abrir os olhos e ver homens, mulheres e crianças sendo respeitadas pelo que são e pelo que buscam. Descobri que faço parte do coro de mulheres que dizem NÃO quando o assunto é a violência.

Acredita que está conseguindo?

Estou aqui para falar da minha dor e do meu sofrimento, mas também para falar do resultado. Muitos acreditam que a mulitilação é certa, principalmente mães e avós. Elas acreditam que se suas filhas não forem cortadas nunca arranjarão um marido. É um absurdo! Não podemos permitir que tais costumes venham aterrorizar as nossas filhas. Percebo que meu sofrimento mudou a minha família, o meu bairro está mudando, consequentemente, o meu país, a Somália. O mundo em que vivemos também mudará. Eu tendo a oportunidade de dizer não à violência, eu direi, em qualquer lugar, em qualquer idioma. E quando não mais conseguir falar vou mostrar. Estou dando a minha parcela para tais mudanças.

Fonte : Revista Raça

sábado, 10 de abril de 2010

MENINA MORRE DE SANGRAMENTO INTERNO DEPOIS DE CASAMENTO FORÇADO NO IÊMEN




Mulheres protestaram contra o casamento de crianças no Iêmen em março passado
Uma menina iemenita de 13 anos de idade morreu de hemorragia interna três dias depois de ter sido obrigada a casar, informaram grupos de defesa dos direitos humanos do Iêmen.

Segundo agências de notícias, o sangramento teria ocorrido depois de uma relação sexual.

O caso ocorre em meio ao debate sobre a determinação de uma idade mínima para que as meninas se casem no Iêmen, onde mais de um quarto delas se casam com menos de 15 anos de idade.

Uma lei de 2009 determinou a idade mínima como 17 anos, mas foi rejeitada depois que legisladores afirmaram que ela é anti-islâmica. Uma decisão final deverá ser tomada ainda neste mês.

As autoridades do Iêmen não confirmaram a morte.

A menina, que teria se casado com um homem na faixa dos 20 anos de idade, morreu no oeste do país, na semana passada, segundo o grupo de defesa dos direitos humanos Fórum das Irmãs Árabes (SAF, na sigla em inglês).

Em uma declaração obtida pela agência de notícias Reuters, a diretora regional do Unicef, Sigrid Kaag, disse que a agência da ONU está “horrorizada com a morte de mais uma menina noiva no Iêmen”.

Grupos de defesa dos direitos humanos vêm pressionando as autoridades para proibir o casamento de crianças arranjado pelas famílias no Iêmen, que tem uma estrutura social tribal.

ALTOS ÍNDICES DE GESTACÃO RESULTANTES DE ESTUPRO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES- PERNAMBUCO-BRASIL






“Não é justo fechar os olhos”


Ana Veloso
Jornalista, colaboradora do Centro das Mulheres do Cabo, doutoranda em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco e empreendedora social Ashoka

As chagas da sociedade hipócrita, machista, sexista e patriarcal pernambucana estão, mais uma vez, expostas. Têm a expressão explicitada pela denúncia pública de sucessivos casos de violência sexual praticados contra meninas com idade inferior aos 14 anos. Não dá mais pra tapar o sol com a peneira. Não podemos mais ignorar a profusão de denúncias de crimes que, até então, eram praticados entre quatro paredes e relegados ao esquecimento, à ocultação. Hoje, há estudos que comprovam altos índices de gestações resultantes de estupros de crianças e adolescentes. Algo que é pra gerar pavor, dor e revolta. Algo que a população não pode mais ignorar e que revela uma das faces mais cruéis da devastação de centenas e milhares de vidas que estavam apenas começando. Como essas crianças e adolescentes poderão viver depois de tamanha monstruosidade?

Uma das primeiras exposições desse quadro de terror aconteceu quando a então “Rede de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes” realizou, em 2004, a campanha “Não é Justo Fechar os Olhos”, onde alertava para o fenômeno que assola as famílias de nossa sociedade. Naquela época, produzimos materiais de divulgação e organizamos uma grande ação pública para tirar o tema da invisibilidade. Funcionou, mas, o problema, infelizmente, continua grave.

Naquele ano, fomos às ruas para desvelar que a maior parte desses crimes sexuais ocorria no ambiente familiar. Mais: que a mídia, em lugar de colocar as questões como violações aos direitos humanos, geralmente apresentava as vítimas de forma sensacionalista, espetacular, sempre visando pontos de audiência. Alguma semelhança com o que observamos nos programas policialescos de hoje?

É certo que a prática do abuso sexual, do estupro, do atentado violento ao pudor, da exploração sexual comercial de meninos e meninas por pessoas próximas não é algo “novo”. Mas, sempre será estarrecedor, revoltante, repugnante. Não poderá ser “naturalizado” como “do privado”. Os crimes precisam ser investigados e devidamente apurados! Os/as culpados/as deverão ser enquadrados/as de acordo com a Lei.

Lembro da frase de Renato Russo: “que país é esse?”. Um país onde crianças e adolescentes, além de ter uma série de direitos negados (saúde, educação, cultura, esportes, moradia…), são presas fáceis, alvos preferenciais de uma rede de exploradores que não estabelece limites políticos, nem de credo (padres e pastores e outros ditos “religiosos” já foram flagrados praticando crimes sexuais contra esse público).

Não podemos, realmente, fechar os olhos. Não podemos dormir enquanto nossas crianças e nossos adolescentes estiverem com suas vidas devastadas pela violência e o abandono. O Estado brasileiro precisa ser responsabilizado. Os crimes podem ser até majoritariamente praticados em âmbito doméstico. Mas, as feridas são públicas. Demonstram aspectos cruéis de uma sociedade em conflito. Uma sociedade em estado de decomposição.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

INDIANA MATA FILHAS PRESSIONADA PARA TER FILHOS HOMENS

Pressionada para ter um menino, indiana mata três filhas

Nova Déli (Índia) - Pressionada por sua família, que exigia que desse à luz um filho homem, uma mulher indiana matou suas três filhas pequenas no norte da Índia e depois tentou suicidar-se, informou a polícia. Gauribai, de 35 anos, residente da localidade de Ragoliakhurd, no estado de Uttar, jogou suas três filhas em um poço na quinta-feira antes de tentar se matar. As crianças tinham idades entre dois meses e cinco anos.

"A mulher estava muito deprimida após dar à luz mais uma menina, há uns dois meses. Sua família, agora foragida, costumava ameaçá-la física e psicologicamente por dar à luz apenas meninas", explicou o inspetor de polícia B.P. Tiwari, citado pela agência indiana Ians. "As três meninas morreram no lugar. Os aldeões conseguiram resgatar a mulher, que foi internada em um hospital", acrescentou Tiwari, quem disse que as forças de segurança detiveram várias pessoas para localizar a família.

Na Índia, muitas famílias preferem ter filhos homens. Por tradição, o filho herda a propriedade e cuida de seus pais na velhice, enquanto a filha abandona o lar ao encontrar marido, em muitos casos após o pagamento de um dote.

Segundo cálculos do Unicef, na Índia deixaram de nascer 50 milhões de meninas no século XX, vítimas de abortos. Além disso, a região do Sul da Ásia é a única do mundo onde as meninas pesam menos que os meninos ao nascer. Depois que os avanços tecnológicos permitiram averiguar o sexo do futuro bebê, e alarmado pelo aumento de abortos quando o feto era feminino, o governo indiano aprovou uma lei que proíbe os médicos de revelarem o sexo do embrião.

As informações são da EFE

domingo, 4 de abril de 2010

Dossiê mostra situação do aborto inseguro no Rio de Janeiro


Fonte: Ipas Brasil

De 1999 a 2007, mais de 800 mil abortos foram induzidos no Estado do Rio de Janeiro, sendo que 3 em cada 4 deles foram realizados em mulheres de 15 a 29 anos. Em 2008, o estado somou 15.868 internações motivadas por aborto inseguro.

Dados como estes estão no dossiê “A realidade do aborto inseguro: O impacto da ilegalidade do abortamento na saúde das mulheres e nos serviços de saúde do Estado do Rio de Janeiro” na próxima terça-feira, dia 6 de abril, às 10h, em audiência pública na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), por representantes das entidades Ipas Brasil, Grupo Curumim, Articulação de Mulheres Brasileiras e Jornadas pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro.

Intitulada “Saúde reprodutiva das mulheres do Estado do Rio de Janeiro: Uma questão de direitos humanos”, a audiência contará com a participação do deputado estadual Marcelo Freixo, dos médicos Mario Monteiro, do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Tizuko Shiraiwa, pesquisadora do dossiê, e Leila Adesse, diretora de Ipas Brasil, Rogéria Peixinho, representante da Articulação de Mulheres Brasileiras, e Ana Paula Sciammarella, advogada de Ipas Brasil.

Entre os outros dados apontados pelo estudo estão:

- mulheres negras morrem muito mais em conseqüência de abortos inseguros, quando analisada a variável raça/cor;

- a técnica de aspiração manual intra-uterina (AMIU), método indicado pelo Ministério da Saúde para o atendimento humanizado à mulher em situação de abortamento, só foi oferecida para 3,54% das mulheres internadas nos hospitais do SUS no Rio de Janeiro;

- em 2008, segundo as informações do SIH-SUS, a principal causa de internação para as mulheres em idade fértil são as internações obstétricas;

- as principais causas de mortes maternas obstétricas diretas no Brasil são a hipertensão arterial, as hemorragias e o aborto. Todas essas causas são consideradas evitáveis.

Segundo o Relatório do Comitê de Mortalidade Materna de 2009, no estado do Rio de Janeiro as principais causas de mortes maternas diretas também são estas:

- mulheres que tiveram complicações por aborto estão entre as pacientes mais negligenciadas quanto aos cuidados de promoção da saúde reprodutiva e não são encaminhadas a serviços e profissionais capacitados;

- o aborto realizado em condições de risco freqüentemente é acompanhado de complicações severas, agravadas pelo desconhecimento desses sinais pela maioria das mulheres e da demora em procurar os serviços de saúde, que, na sua maioria, não está capacitado para esse tipo de atendimento.

A elaboração do dossiê insere-se no trabalho coordenado por Ipas Brasil, em parceria com o Grupo Curumim, em vários estados brasileiros, com o objetivo de gerar debates sobre a realidade do abortamento inseguro e o impacto da ilegalidade na saúde e vida das mulheres e nos serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS).

Estudo realizado por Ipas Brasil e o Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com apoio do Ministério da Saúde, mostra que o número de abortos realizados no Brasil passa de 1 milhão por ano. Mais de 220 mil deles têm como conseqüência, entre várias complicações, infecções graves e perfurações no útero.

Audiência pública e lançamento do dossiê

Data: 6 de abril, às 10h
Local: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
Rua Primeiro de Março, s/n, sala 316, Centro, Rio de Janeiro

sexta-feira, 2 de abril de 2010

CENTRAL DE ATENDIMENTO À MULHER - 180



A Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, criado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) para auxiliar e orientar as mulheres em situação de violência, passa a funcionar todos os dias da semana durante 24 horas. O serviço conta agora com 20 pontos de atendimento e o número de atendentes que antes era de oito passa a ser de 59.

Com isso, a SPM cumpre o compromisso de, após um período funcionando em caráter experimental, ampliar a capacidade de atendimento do Ligue 180, permitindo a melhoria dos serviços oferecidos às mulheres em situação de violência no Brasil.
O funcionamento 24 horas permitirá que as orientações, pedidos de informações e denúncias sejam encaminhadas, inclusive, nos finais de semana e à noite, quando ocorrem os maiores números de agressões. No período experimental, que foi aproximadamente de quatro meses a contar do dia 25 de novembro de 2005, o Ligue 180 funcionou de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h40. A instalação e ampliação da Central é uma demanda antiga dos movimentos feministas e de mulheres e se consolida, agora, como uma política pública do Governo Federal.

O sistema que foi implantado – Administração de Relacionamento com o Cliente – registrará automaticamente a origem da ligação a partir do código de área (DDD), tornando desnecessário solicitar ao usuário informações cadastrais, como o estado e município de origem.

Assim como aconteceu na primeira fase do projeto, as novas atendentes receberam capacitação da SPM e do Instituto Patrícia Galvão em questões de gênero, nas políticas do Governo Federal para as mulheres, nas orientações sobre o enfrentamento à violência contra a mulher e, principalmente, na forma de receber a denúncia e acolher as mulheres. A ampliação do Ligue 180 conta com o apoio da Embratel, Eletronorte, Eletrobrás, Furnas e do Disque Denúncia do Rio de Janeiro.

Sudeste lidera em número absoluto de ligações

Após quatro meses de funcionamento, as primeiras estatísticas apontam as regiões Sudeste e Nordeste como líderes em número absoluto de ligações. Nesse período, foram atendidas 7.759 (43,12%) ligações da região Sudeste, sendo São Paulo o estado que mais entrou em contato com a Central (28,75%). Já a região Nordeste aparece com 2.223 ligações (12,36%), sendo a Bahia o estado nordestino com o maior volume de ligações.

Centro-Oeste e DF lideram em número de ligações por cem mil habitantes

Ao comparar o volume de ligações com o número de habitantes por região, as primeiras estatísticas apontam o Distrito Federal com o maior índice de ligações – 27 por 100 mil habitantes. O Estado de Goiás vem em seguida com 16,6 por 100 mil habitantes. São Paulo aparece em terceiro lugar, com 12,9.

O desempenho do Distrito Federal e de Goiás levou a região Centro-Oeste a liderar a taxa média de ligações por 100 mil habitantes, em comparação às demais regiões, atingindo a marca de 14,3 ligações. Em seguida, vem a região Sudeste (10,0) e Sul (7,3). Norte e Nordeste aparecem praticamente empatados com o menor índice.

Os indicadores foram calculados a partir do cruzamento de dados fornecidos pelos usuários atendidos no Ligue 180 no período de 25 de novembro de 2005 (data da inauguração do serviço) até o dia 11 de abril, com a base de dados populacionais da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios do IBGE (PNAD/2004).

Perfil das usuárias

Desde o início do seu funcionamento no dia 25 de novembro de 2005 até o dia 11 de abril deste ano, a Central de Atendimento à Mulher atendeu 17.991 ligações que geraram 20.759 orientações e encaminhamentos. Os dados coletados a partir das ligações atendidas permitiram à SPM traçar o perfil dos usuários dos serviços.

Em geral, os usuários do Ligue 180 são mulheres, casadas ou solteiras, que cursaram somente o ensino fundamental e têm entre 20 a 29 anos. O público feminino responde por 82,67% dos atendimentos, o masculino por 9,68% e o restante não forneceu a identidade. Cerca de 26% das (os) usuárias (os) do Ligue 180 são solteiras (os), 25% casadas (os), 6% divorciadas (os) e 2% viúvas (os). Os demais não forneceram o estado civil.

A maior parte das pessoas que buscaram orientações ou levaram suas denúncias aos serviços da Central tem somente o ensino fundamental, um total de 39%. Já os atendidos com ensino médio somam 28% e com ensino superior, 7%. Menos de 1% das (os) usuárias (os) são analfabetos e 25% não informaram a escolaridade.

A faixa etária predominante é entre 20 e 29 anos (25%) e 30 e 39 anos (21,27%).

Tipos de atendimento

Cerca de 7.083 (39%) usuárias (os) dos serviços entraram em contato com a Central para obter informações gerais sobre leis, tipos de denúncias que podem ser feitas, serviços existentes para atendimento à mulher em situação de violência etc.

Outras (os) 6.913 (38,4%) buscaram informações regionalizadas solicitando endereços e telefones das instituições que acolhem a mulher em situação de violência (Delegacias da Mulher, Casas Abrigo, Defensorias da Mulher, Conselhos dos Direitos da Mulher).

Cerca de 1.957 (11%) usuárias (os) entraram em contato com a Central para denunciar os casos de violência contra a mulher.

Uma análise preliminar da demanda recebida pela Central indica que, apesar do pouco tempo de observação e o caráter experimental do funcionamento, os objetivos do serviço estão sendo alcançados.



Fonte: SPM. Acesse o site da Secretaria para ver os gráficos sobre os números do atendimento do 180.