FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
WJDW

quarta-feira, 31 de março de 2010

Why violence against women is widespread ?




A woman cries after the loss of one of her sons in Kamal Adwan Hospital in the Gaza Strip. Palestinian women face a range of hardships

GAZA CITY, 16 March 2010 (IRIN) - Nahla*, aged 30, from Bureij refugee camp in central Gaza, said she was physically and mentally abused for more than 10 years by her husband before being granted a divorce three months ago.

Fear and cultural factors prevented her from seeking help from women’s organizations.

“I never tried to go to the police to complain about my husband's criminal acts, because he threatened to kill me if I did,” Nahla told IRIN. “And I never went to complain to any women’s rights organizations because I didn’t think they would be able to solve my problem - and I was also scared that my husband would find out.”

Rights activists blame the economy, Hamas-Fatah tensions and the conflict with Israel for the rising number of cases of violence against women. Disinterest in domestic abuse by the judicial authorities and the apparent impunity of violators have made matters worse, they say.

A March 2010 report by the Geneva Centre for the Democratic Control of Armed Forces (DCAF) explores women’s perceptions of the organizations or legal bodies designed to protect them, based on focus group discussions and interviews with women and girls in the West Bank and Gaza between June and November 2009.

The levels of violence against women in the Gaza Strip are higher than they were in previous years, and compared to other countries the rates are certainly higher
Social stigma

“Women and girls revealed that their feelings of insecurity are related to the ongoing conflict, society’s tacit acceptance of violence against women, their own lack of awareness of service providers, and their distrust of the available services,” the report said.

“Women and girls explained that they were reluctant to resort to women’s organizations, human rights organizations, or security and justice providers, such as the police and courts, because of the strong social stigma attached to reporting abuse.”

The report said women recommended more awareness-raising events and education campaigns for all segments of society about women’s rights and the institutions in place to uphold them. They also felt better training was needed for members of the social services, women’s and human rights organizations and hospital staff and police - in addition to increased female representation in these organizations and political life in general.

AWRAD survey

A 2008 survey of 2,400 Palestinians by Ramallah-based independent research centre Arab World for Research & Development (AWRAD) found that 74 percent of Palestinians did not know of a women’s or human rights organization working in the field of women’s rights; and 77 percent of respondents believed that laws needed to be enacted to protect women from domestic violence.

Nahla’s brothers called the police to report the fact that she was being beaten regularly and kept locked in her home without access to a telephone to make contact with her family. The police arrested her husband, kept him in custody for five hours and then released him, she said.

The police then took Nahla to her mother’s house, where she stayed until she was granted a divorce by a local court, which ordered that her five children remain with their father. Against his will, the court has given her the right to visit her children one day a week.

“My heart is torn apart because I live away from my kids, but my life with him was hell,” Nahla said. “I could never go back.”

Gaza study

In December 2009, a report by the Gaza-based Palestinian Women’s Information and Media Center (PWIC) noted an upsurge in violence against women since Israel imposed an economic blockade on the Gaza Strip in June 2007, after Hamas became the de facto authority there.



A study found that 77 percent of women in Gaza had experienced violence of various sorts
The study - based on 24 workshops and interviews with 350 other women in the last quarter of 2009 - found that 77 percent of women in Gaza had experienced violence of various sorts, 53 percent had experienced physical violence and 15 percent sexual abuse.

"The levels of violence against women in the Gaza Strip are higher than they were in previous years, and compared to other countries the rates are certainly higher," Huda Hamouda, director of PWIC, said. “Women are exposed to hardships in every sphere, be it financial, social, political or lack of security.”

She said widespread unemployment was one of the biggest contributors to household stress, and in turn male violence towards females.

"It's hard to imagine a family living in dignity when they live on less than three dollars a day. Many say they don’t feel respected and suffer depression. Poverty affects education and public participation. It limits their social standing,” she said.

Meanwhile, the Commission on the Status of Women, a commission of the UN Economic and Social Council (ECOSOC), on 12 March approved a text on the status of and assistance to Palestinian women, to be sent to ECOSOC for adoption.

The draft resolution expresses concern about the “grave situation of Palestinian women in the occupied Palestinian territory, including East Jerusalem, resulting from the severe impact of the ongoing illegal Israeli occupation and all of its manifestations”.

(*not her real name)

terça-feira, 30 de março de 2010

ABORTO: O GOVERNO TEM MEDO?


Aborto: o governo tem medo?


Beatriz Galli
Advogada e técnica do Ipas Brasil

Ao lamentar o anúncio do ministro Paulo Vannuchi sobre a retirada de temas importantes do Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH III), entre os quais a descriminalização do aborto, aponto aqui algumas razões para que o texto do PNDH III seja mantido na sua integralidade. Somo-me, assim, àqueles que consideram o tema do aborto um tema de saúde pública e que por isso mesmo deve ser tratado no âmbito dos direitos humanos.

A primeira diz respeito ao aborto inseguro, uma triste realidade no país. Estima-se a ocorrência de cerca de 1 milhão de abortos anualmente e 250 mil internações para tratamento das complicações no Sistema Único de Saúde.

Outro dado destacado refere-se ao impacto desproporcional da criminalização do aborto sobre as mulheres negras: elas têm um risco três vezes maior de morrer por aborto inseguro do que as mulheres brancas. Além disso, mulheres com baixa escolaridade e piores condições socioeconômicas são as principais prejudicadas com a lei restritiva em relação ao aborto.

Por exemplo, em Salvador, onde a população é majoritariamente negra, desde o início da década de 90 o aborto é a primeira causa isolada de mortalidade materna. Ao mesmo tempo, o aborto é a terceira causa de morte materna em São Paulo. Essas mortes e sequelas não têm recebido a devida atenção da sociedade, e nem uma resposta eficaz do Estado brasileiro.

As evidências têm demonstrado que a simples proibição do aborto em nada tem contribuído para diminuir sua prática entre as mulheres. Há países com legislações restritivas que apresentam taxas elevadas de aborto entre mulheres em idade reprodutiva. Em contraste, há países que asseguram ampla autonomia da mulher em decidir pelo destino da gravidez, nos quais as taxas de aborto estão entre as mais baixas.

O governo brasileiro assumiu compromissos internacionais em matéria de direitos humanos das mulheres, como revisar as leis que contêm medidas punitivas contra mulheres que realizaram abortos ilegais (parágrafo 106 K da Plataforma de Ação de Beijing, de 1995).

O Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em sua 11° sessão ordinária, aprovou, por consenso, uma resolução que reconhece a morbimortalidade materna evitável como uma questão de direitos humanos. O Brasil apoiou a resolução.

Mantendo o PNDH III como está, o governo irá contribuir para que as mulheres possam exercer a sua cidadania por inteiro, com autonomia reprodutiva, alcançando os propósitos de promoção da igualdade de gênero, raça e justiça social. Tal igualdade ainda é distante do cotidiano de milhões de brasileiras que não podem exercer os direitos humanos elementares: viver com dignidade, ter controle sobre a própria vida sexual e reprodutiva, sem ter que correr riscos para a saúde, arriscar suas vidas e ainda serem consideradas criminosas pelo Estado.

fonte : O GLOBO - 30 DE MARÇO DE 2010

JORNALISTA RELATA O DRAMA DAS MILITARES AMERICANAS ESTUPRADAS


A guerra é uma estupidez sem tamanho de qualquer forma. Não bastasse o medo, a insegurança e a pressão psicológica que desequilibra soldados no campo de batalha têm, no caso das militares (mulheres), o assédio sexual, o ataque e o estupro que martiriza. Fato esse que dificilmente vem a público. Não é do interesse do governo que a população saiba o terror vivido por suas heroínas em campos de guerra. Enquanto isso, um número cada vez maior de mulheres sofre o mais hediondo dos crimes: o amor roubado pela violência física.

Já lhe roubaram alguma coisa? Um carro, a casa, o celular, a carteira... Façamos uma idéia do que é ser vítima de roubo da própria dignidade (uma das poucas coisas que fazem a diferença entre o homem e o resto dos seres vivos). A intimidade violada, me parece, é algo estarrecedor, principalmente quando a violação vem de pessoas que estão acima das vítimas seja pelo cargo, pela força ou por qualquer quesito que sirva como base de comparação entre os dois sexos.

Helen Benedict conheceu inúmeras histórias de mulheres nessa situação e resolveu trazer o silencioso drama que infestam tantos espíritos pelo mundo a fora. A matéria vem assinada por José Antônio Lima, que entrevistou Benedict e foi publicada no globo.com (02/05). Leia a entrevista e faça seu próprio julgamento.

O drama da violência sexual na guerra


Em novo livro, a jornalista Helen Benedict descreve a experiência das militares americanas que são violentadas pelos próprios companheiros no front. Cerca de 30% são estupradas durante o serviço militar

A ocupação americana no Iraque chegou a ter, no auge, mais de 150 mil soldados. Desde 2003, quando George W. Bush ordenou a invasão, o rodízio de tropas levou 206 mil mulheres para o país. Dessas, apenas 600 foram feridas e 104, mortas, mas muitas sofreram com um outro tipo de violência, quase imperceptível para o público, mas traumática para quem sofre - a violência sexual. O drama de ir para a guerra e ser violentada pelos próprios colegas e superiores nas Forças Armadas está detalhado no livro The Lonely Soldier: The Private War of Women Serving in Iraq (em tradução livre A soldado solitária: a luta particular das mulheres servindo no Iraque), de Helen Benedict, professora de jornalismo na Universidade Columbia, dos Estados Unidos.

Em entrevista a ÉPOCA, Helen conta que, das 40 mulheres que ela entrevistou, 28 foram assediadas, atacadas de alguma forma sexual ou estupradas por colegas. Os números refletem estudos oficiais realizados nos Estados Unidos, que mostram que 90% das militares sofrem assédio sexual em algum momento da carreira, e 30% são estupradas.



ÉPOCA - Quando a senhora começou a se interessar pela situação das mulheres militares?

Helen Benedict - Eu comecei a estudar o assunto em 2006, quando fui a um encontro de veteranos do Iraque. Encontrei duas garotas e uma delas me disse que só havia três coisas que os homens permitiam que as mulheres fossem: "uma vadia, uma prostituta ou uma lésbica". Nessa conversa, vi que as mulheres enfrentavam duas guerras, uma com os inimigos e outra contra a discriminação dos próprios companheiros.


ÉPOCA - Quantas mulheres a senhora entrevistou para escrever o livro?

Helen - Foram 40 mulheres que serviram no Iraque e no Afeganistão e alguns homens e mulheres que estiveram em outros lugares. Todas as entrevistadas eram veteranas, então estavam mais livres para falar. Eu as encontrei por meio de organizações de veteranos. Das 40 mulheres, 28 foram assediadas, atacadas de alguma forma ou estupradas.


ÉPOCA - E qual é o tipo de violência mais comum?

Helen - É o assédio sexual, que não envolve violência física, mas é muito traumático. As mulheres ficam sujeitas a comentários humilhantes que as fazem se sentir ameaçadas e degradadas. Estudos realizados pelo Departamento de Assuntos de Veteranos mostram que 90% mulheres são assediadas, 71% são atacadas e 30% são estupradas durante o serviço militar. Outros estudos mostram que apenas o assédio, sozinho, pode causar tantos traumas quanto o combate, ou até mais.


ÉPOCA - E essa violência é causada por superiores ou por militares do mesmo escalão?

Helen - A maioria dos homens que as atacam são mais velhos e de uma hierarquia mais alta. Os estupros costumam ocorrer quando não há ninguém por perto, ou quando as mulheres vão tomar banho ou ao banheiro. É por isso que muitas vão a esses locais com outras mulheres e andam com facas.



ÉPOCA - O que a senhora ouviu de mais perturbador nas entrevistas?

Helen - Os casos nos quais as mulheres tentam denunciar um ataque e são ameaçadas com um tipo diferente de punição para que se calem. Uma das mulheres que eu entrevistei foi estuprada no Afeganistão. Quando ela denunciou o caso, seu superior disse: "também vamos ter que denunciar você por abandono de trabalho, por estar sem a arma na hora do ataque". Essa denúncia a levaria para a Corte Marcial e para fora da Força Aérea. Como isso acabaria com sua carreira, ela desistiu da denúncia. Há ainda casos de mulheres que se recusaram a ser enviadas para os mesmos locais com determinados oficiais que as estupraram e, em vez de denunciarem os estupradores, processaram as mulheres por deserção. Uma delas acabou presa por um mês.


ÉPOCA - A senhora citou em um artigo no site da [emissora de TV britânica] BBC uma proibição de que as militares americanas entrem em combate. Como isso influencia a situação delas?

Helen - As mulheres não têm permissão para entrar diretamente em combate no Exército, na Marinha e na Força Aérea. Isso passa a mensagem, vinda do topo da hierarquia, o Pentágono, de que elas são soldados de segunda classe. Isso torna ainda mais difícil a possibilidade de as mulheres conseguirem promoções e respeito, pois estão proibidas de fazer a principal coisa que os soldados devem fazer, que é lutar. E isso é especialmente irônico no Iraque, pois lá os EUA enfrentam uma guerra de guerrilha, e as mulheres estão, sim, no front, perdendo suas vidas.


ÉPOCA - As mulheres não são bem-vindas nas Forças Armadas dos Estados Unidos ou essa situação de violência é reflexo do que existe na sociedade civil?

Helen - Não dá para afirmar que elas não são bem-vindas. Essa seria uma generalização muito grande, pois isso é verdade para muitos homens, mas não para todos. O problema de os homens fecharem as portas das principais posições para as mulheres certamente tem origem na vida civil, mas na vida militar isso é exacerbado, pois lá as pessoas têm muito mais poder sobre as outras. Os oficiais têm controle completo sobre você, muito mais do que em uma profissão civil. Além disso, o soldado é treinado para ser um assassino, e tudo é mais violento, mais intenso. Quando a pessoa está servindo, não dá para simplesmente ir para casa no fim do dia.


ÉPOCA - E o que o Departamento de Defesa está fazendo para resolver esse problema?

Helen - Em 2005 foi criado o Programa de Prevenção e Resposta a Ataques Sexuais, que tem computado as denúncias feitas, mas a estimativa deste programa é de que apenas 10% dos casos sejam informados. Esse programa criou um sistema de treinamento preventivo pelo qual todo novo recruta deve passar, mas esses esforços parecem ser mais propaganda do que uma iniciativa que faça diferença.



ÉPOCA - Os pelotões de 50 ou 60 soldados costumam ter uma ou duas mulheres. Criar um pelotão só de mulheres seria uma solução?

Helen - Algumas pessoas pensam que seria uma boa ideia, mas a minha preocupação é que isso faça as mulheres parecerem ainda mais soldados de segunda classe. Provavelmente passariam para esses pelotões femininos tarefas mais leves e menos importantes, e elas continuariam segregadas. Na Segunda Guerra Mundial e na Guerra do Vietnã era isso o que acontecia. Elas formavam um núcleo auxiliar, e nem podiam carregar armas. Não eram levadas a sério. A criação de pelotões femininos seria um passo para trás, pois ainda que as mulheres estivessem mais seguras contra esses ataques sexuais, não teriam chance de avançar na carreira.



ÉPOCA - A senhora acha que o povo americano percebe esse problema?

Helen - Não. Todas as vezes em que isso [ataques sexuais] ocorre e é divulgado na imprensa, as pessoas acham que é a primeira vez. Isso fica claro agora com o número de alistamentos recentes, que tem crescido entre as mulheres na crise econômica. Ou elas não conhecem essa situação ou pensam que "isso só acontece com quem pede, não vai acontecer comigo". Elas não têm uma idéia realista, e entram nas Forças Armadas de forma ingênua e despreparada. Quando eu digo que 10% dos soldados são mulheres, elas ficam espantadas, e parte disso é culpa da imprensa, que não as destaca nas manchetes e primeiras páginas.



ÉPOCA - Por que a imprensa não dá a importância devida à participação das mulheres nas ocupações?

Helen - Eles estão presos no conceito antigo de que o soldado é um homem. Além disso, a imprensa está sempre focada na infantaria, que historicamente é onde a ação está. Isso passa ao público a impressão de que mesmo que as mulheres estejam lá, elas estão na retaguarda, escrevendo cartas. Mas, como eu disse, no Iraque não há linha de frente, e todos estão lutando. As pessoas não sabem que as mulheres estão no meio do confronto, morrendo e sendo mutiladas assim como os homens.


Fonte
Transcrito de http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI70765-15228,00-O+DRAMA+DA+VIOLENCIA+SEXUAL+NA+GUERRA.html

1 MILHÃO DE ABORTOS, POR ANO, NO BRASIL



VEJAM MINHA PÁGINA :
http://womenforachangecommunity.ning.com/profile/JoARamos

domingo, 28 de março de 2010

CAMPANHA DO LAÇO BRANCO



SOBRE A CAMPANHA?

A Campanha Brasileira do Laço Branco tem o objetivo de sensibilizar, envolver e mobilizar os homens no engajamento pelo fim da violência contra a mulher. Suas atividades são desenvolvidas em consonância com as ações dos movimentos organizados de mulheres e de outras representações sociais que buscam promover a eqüidade de gênero , através de ações em saúde, educação, trabalho, ação social, justiça, segurança pública e direitos humanos.


Site: http://www.lacobranco.org.br

sábado, 20 de março de 2010

Jornal O Globo- Coluna do Ancelmo Gois - hoje - 20 de março/2010:

"MULHERES DO BRASIL" -

As cinco biografias de mulheres brasileiras escritas por Ana Arruda Callado vão virar documentário, são elas : Dona Maria José Barbosa Lima Sobrinho, Adalgisa Nery,Jenny Pimentel de Borba, Maria Martins e Lygia Maria Lessa Bastos. Uma parceria com a MULTIPRESS ( Jorge Mansur) e ZL COMUNICAÇÃO ( Jô A.Ramos).

quarta-feira, 17 de março de 2010

APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA ESBARRA EM DESIGUALDADES REGIONAIS

Apesar de já estar em vigor há mais de três anos, a Lei Maria da Penha ainda enfrenta dificuldades de aplicação devido a desigualdades regionais. É o que pretende mostrar um estudo coordenado pelo Observatório Lei Maria da Penha, ligado à Universidade Federal da Bahia. A pesquisa irá traçar um diagnóstico sobre a aplicação da lei em 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal.

“Queremos contribuir para que a lei seja implementada de maneira efetiva. Nosso relatório revelará as desigualdades regionais que impedem a implementação total da lei”, afirmou Márcia Gomes,coordenadora do estudo.

O levantamento é realizado por um consórcio formado por 12 organizações não governamentais e instituições de pesquisa brasileiras e avalia como as delegacias especiais e juizados (criados após a LeiMaria da Penha) estão funcionando.

A maior parte dos juizados especiais de violência doméstica e familiar contra a mulher está na Região Sudeste do país. No Norte e Nordeste, seis capitais ainda não têm o órgão.

“Não há juizados em Aracaju, João Pessoa, Teresina, Palmas, Boa Vista e Porto Velho. Nestes locais os casos ainda são encaminhados para as varas criminais”, destacou a pesquisadora.

Na primeira fase da pesquisa, concluída em 2009, foram analisadas cinco cidades, uma de cada região - Belém, Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Os principais problemas encontrados foram a falta de estrutura, de capacitação dos policiais que fazem o atendimento às vítimas e a inexistência de sistematização dos dados sobre as ocorrências de agressão.

A segunda fase da pesquisa deve ser concluída até o início do segundo semestre deste ano.

A Lei 11.340/2006 considera a violência doméstica e familiar contra a mulher uma violação aos direitos humanos. Ela prevê, além de medidas punitivas aos agressores, proteção à integridade física e assistência jurídica, social e psicológica à vítima.

O nome da lei foi uma homenagem à biofarmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que ficou tetraplégica em função das agressões sofridas pelo marido. Após anos de luta na Justiça, em 1998 o caso foi encaminhado à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 2001, o Brasil foi
condenado por negligência e omissão e obrigado a pagar indenização a Maria da Penha.

Fonte: Agencia Brasil

domingo, 14 de março de 2010

LEI MARIA DA PENHA



Maria da Penha Maia

A biofarmacêutica Maria da Penha Maia lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado. Ela virou símbolo contra a violência doméstica.

Em 1983, o marido de Maria da Penha Maia, o professor universitário Marco Antonio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade.

A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento da pena.

O caso chegou à Comissão Interamericana dos Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica. Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.

Após às tentativas de homicídio, Maria da Penha Maia começou a atuar em movimentos sociais contra violência e impunidade e hoje é coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no seu estado, o Ceará.

"Eu acho que a sociedade estava aguardando essa lei. A mulher não tem mais vergonha [de denunciar]. Ela não tinha condição de denunciar e ser atendida na preservação da sua vida", lembrou Maria da Penha. Ela recomenda que a mulher denuncie a partir da primeira agressão. "Não adianta conviver. Porque a cada dia essa agressão vai aumentar e terminar em assassinato."

Reforma do Código Penal não deve comprometer dispositivos da Lei Maria da Penha, diz senadora

Tramita no Senado Federal a reforma do Código de Processo Penal (CPP), trabalhada como Projeto de Lei nº156/2009. O projeto visa alinhar o Código Penal, em vigor desde 1941, às necessidades jurídicas e sociais da população.

A sub-relatora da reforma, senadora Serys Slhessarenko, do PT do Mato Grosso, atua para que a reforma do Código de Processo Penal abarque as especificidades da Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), que trata da violência intrafamiliar e doméstica.

Em resposta às reivindicações das diversas organizações feministas e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência, a senadora introduziu emendas ao projeto para abranger as especificidades da Lei Maria da Penha. O intuito é fazer com que a nova sistematização do CPP possibilite a aplicação dos instrumentos jurídicos para o cumprimento da Lei Maria da Penha – entre eles as medidas cautelares que visam a proteção das vítimas –, além de evitar possíveis dúvidas quanto às limitações impostas pelo Código de Processo Penal.


A Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foi sancionada pelo presidente Lula, dia 7 de agosto de 2007, e recebeu o nome de Lei Maria da Penha Maia. “Essa mulher renasceu das cinzas para se transformar em um símbolo da luta contra a violência doméstica no nosso país”, afirmou o presidente.

O projeto foi elaborado por um grupo interministerial a partir de um anteprojeto de organizações não-governamentais. O governo federal o enviou ao Congresso Nacional no dia 25 de novembro de 2004. Lá, ele se transformou no Projeto de Lei de Conversão 37/2006, aprovado e sancionado.

Violência em Pernambuco

A violência contra a mulher é expressa em números em Pernambuco: o Disque Denúncia registrou quase seis mil ocorrências contra mulheres, no período de junho de 2000 a dezembro de 2009 no Estado. Outro dado preocupante é que, no Brasil, a cada 15 segundos, uma mulher é espancada pelo marido ou companheiro.
Dados da Secretaria Especial da Mulher apontam que mais de 200 mulheres foram assassinadas neste ano em Pernambuco.

Uma nova campanha foi lançada nesta semana pela Igreja Católica para diminuir os casos de violência.O estado tem o maior número desses casos registrados no país.Para a delegada Denise Valentim, é preciso que a mulher reaja a qualquer sinal de violência. “Um pequeno tapa deve ser denunciado, e o agressor deve ser punido. Isso para que não se instale um ciclo de violência que venha a culminar numa situação grave, em casos muito tristes que envolvem toda a família”, diz.

Lembrando as vítimas de violência nas missas, a Igreja Católica está denunciando os assassinatos no estado. Os padres são orientados a ler os nomes das mulheres durante a celebração. “À igreja cabe o sentimento de mãe, de acolhida e de conforto às pessoas, mas especialmente de engajar todo cristão na luta contra a violência", afirma o padre João Carlos.

VIOLÊNCIA CONTRA GESTANTES

Um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostra que a situação das brasileiras grávidas merece atenção especial. Os casos de violência física, psicológica e sexual contra gestantes não são raros: 18,3% das mulheres entrevistadas admitiram ser vítimas de violência. Os agressores não estão nas ruas e, sim, dentro de casa. São pessoas da família: maridos, pais, irmãos.

As consequências são negativas para as mães, que podem desenvolver distúrbios alimentares, ansiedade e depressão por conta das agressões, e para os filhos. As chances de que eles nasçam com baixo peso (menos de 2,5 kg) dobram. Até o primeiro ano de vida, o peso inadequado é uma preocupação dos médicos, porque riscos à saúde do bebê. Das 652 mulheres entrevistadas, 57 tiveram bebês com peso abaixo do esperado.

Maria Angélica Nunes, coordenadora da pesquisa e professora da Pós-Graduação em Epidemiologia da UFRGS, conta que o estudo foi feito nos postos de saúde de uma região pobre de Porto Alegre. A maioria recebia salários de um a três salários mínimos, não trabalhava ou estudava e tinha gestações que variavam de 16 a 32 semanas. As mulheres foram acompanhadas durante o pré-natal e após o nascimento dos filhos.

O estudo foi publicado em fevereiro no European Journal of Public Health. Para a pesquisadora, os resultados demonstram que os profissionais de saúde precisam estar mais atentos às grávidas. “Há muita preocupação com o bebê e pouca com a mulher. Não há conversas sobre o estado emocional das gestantes, não se pergunta se elas sofrem violência. É preciso cuidá-las como um todo”, afirma Maria Angélica.

Os dados colhidos pela equipe da UFRGS demonstram que, das 652 participantes da pesquisa, 15% afirmaram sofrer violência psicológica, 6% física e 3% sexual. “Acho que a violência psicológica é ainda mais grave do que a física, porque dura muito tempo, mata a autoestima da mulher e leva a quadros sérios de depressão”, pondera. Segundo ela, 27,8% das participantes do estudo apresentaram quadro depressivo durante a gravidez.

Apoio psicológico

A preocupação com o estado emocional das grávidas levou um grupo de pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB) a desenvolver o projeto Pré-natal Psicológico. Desde 2006, grávidas recebem na universidade apoio paralelo ao realizado nos hospitais e postos de saúde. A proposta pretende prevenir transtornos emocionais como a depressão pós-parto, problemas conjugais e com o próprio bebê.

“Infelizmente, o pré-natal tradicional focaliza apenas o aspecto biológico da gravidez e não abre espaço para os aspectos emocionais que envolvem esse período”, comenta Alessandra Arrais, coordenadora do projeto da Católica. Durante o doutorado, a psicóloga estudou as causas da depressão pós-parto e percebeu que o apoio psicológico poderia mudar a realidade de muitas mulheres.

Para Alessandra, é preciso destruir mitos sobre a gestação, como a Idea de que a maternidade só traz felicidades. Quando a mãe sente dificuldade e não demonstra só alegria com o momento, ela sente culpa e pode se deprimir. “Socialmente, esse é um momento em que não pode haver sentimento negativo. As mães têm a idéia de que os instintos vão dar conta de todas as dificuldades, mas a realidade não é assim”, afirma.

Alessandra conta que a cada dez gestantes brasileiras, duas desenvolvem depressão pós-parto. Um índice considerado extremamente alto. “Há riscos sérios. Não é que a mãe vá matar o bebê. Isso é psicose, não depressão. Mas a apatia da mãe, que não dá conta de cuidar dela própria, pode prejudicar o desenvolvimento do bebê”, afirma. “A gravidez é um processo natural e biológico. Ser mãe não. É construção e aprendizado”, diz.

Os encontros na Católica são realizados em grupo. Pais e até avós são convidados a participar de algumas sessões. A proposta é melhorar também o contexto em que a grávida vive. O projeto identificou que metade das 50 mães que participaram do grupo durante a gestação tinha algum fator de risco para desenvolver depressão pós-parto – quadro que foi evitado pelos psicólogos.

O QUE É A WJDW- MJDM ?


A WJDW ou MJDM é um movimento de mulheres jornalistas que pretende, em tempo real, divulgar todas às violências praticadas contra as mulheres no Brasil e no mundo. Queremos contribuir para aprofundar o debate sobre a violência, direitos e lutas das mulheres. Somos hoje 51% da população do país e merecemos que nossas propostas e prioridades sejam respeitadas.