FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Brasil: 65 grávidas morrem por cada grupo de 100 mil



De cada 100 mil parturientes, 65 morrem no Brasil em decorrência de problemas na gestação ou no parto. A questão é tão séria que a Organização das Nações Unidas transformou a redução da mortalidade materna numa das metas do milênio - um protocolo de compromissos acordado por vários países, inclusive o Brasil. A meta é, até 2015, reduzir em 75% o caso de mortes ocasionadas por fatores relacionados a gravidez. No entanto, no ritmo em que se encontra, o País não conseguirá cumprir a meta.

A meta é, até 2015, reduzir em 75% o caso de mortes relacionadas a fatores relacionados à gravidez.

A previsão faz parte de uma pesquisa coordenada pelos professores Rafael Lozano e Christopher Murray, do Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, Seattle, nos Estados Unidos, e publicada na revista científica britânica The Lancet. Apesar dos avanços registrados na área de saúde materna, dos 137 países emergentes pesquisados, apenas nove fizeram progressos suficientes de forma a atingir a meta estipulada: China, Egito, Irã, Líbia, Maldivas, Mongólia, Peru, Síria e Tunísia.

Nos últimos onze anos, quando o mundo viu uma redução anual de 3,6% nesta estatística, no Brasil o ritmo foi de apenas 0,3%. "Embora o país tenha avançado na redução da mortalidade de mulheres por conta de complicações com o parto ou a gestação, o lento ritmo de melhora significa que o país chegaria com 25 anos de atraso às metas que deveria cumprir já em 2015", relataram os professores, na pesquisa.

Os pesquisadores fizeram estimativas para o ano de 2011 levando em conta fontes de dados relevantes que haviam ficado de fora de análises anteriores, como registros de nascimento e óbito, pesquisas nacionais, censos e levantamentos feitos pelas autoridades de saúde.

Segundo Haidong Wang, professor-assistente de Saúde Global do IHME e um dos autores do estudo, o combate à mortalidade materna teve bons resultados no Brasil entre 1990 e 2000. No período, a taxa caiu de 85,9 para 67 em cada 100 mil, uma redução anual de cerca de 2,5%. No entanto, esse avanço foi contido na década seguinte pela epidemia de gripe H1N1 e pela alta percentagem de mulheres que fazem partos cesarianos, nos quais há maior risco de complicações que podem levar à morte.

Mortalidade infantil

Mesmo com uma perspectiva negativa, a pesquisa informa que o número de mortes relacionadas ao parto nos paises emergentes caiu de 409 mil para 273 mil entre 1990 e 2011. As mortes de crianças com menos de cinco anos de idade diminuíram de 11,6 milhões para 7,2 milhões no mesmo período. A continuar neste ritmo, O objetivo de diminuir em dois terços a mortalidade entre crianças menores de cinco anos entre 1990 e 2015 seria alcançada por 31 nações emergentes. Neste aspecto da mortalidade infantil, o Brasil é apontado como uma "história de sucesso".

A pesquisa estimou em 1990 o Brasil tinha uma mortalidade infantil entre crianças menores de 5 anos de 53 para cada mil nascidas vivas. Dez anos depois a taxa havia caído para 31,5 e chegou neste ano a 20,9. Em números absolutos, isso significa que a mortalidade tirou a vida de 193 mil crianças em 1990 e deve tirar a de 63 mil neste ano. "Achamos que parte disso tem a ver com o esforço do governo de prover acesso universal à saúde. Foi depois da implementação deste princípio na Constituição de 1988 e na reforma de 1996 que registramos a taxa mais rápida de declínio nas mortes de crianças com menos de cinco anos", afirmou Wang.

90% das mortes poderiam ser evitadas

A mortalidade materna está diretamente relacionada ao fator socioeconômico da população e ao tipo de assistência de saúde oferecida. A população do norte-nordeste e também de algumas regiões do centro-oeste tem acesso menor à assistência de saúde, conseqüentemente um acesso menor ao pré-natal e uma assistência ao parto e puerperio não tão adequada.

Os especialistas dividem as causas em duas categorias principais: obstétrica direta, decorrente da própria gravidez, como eclampsia, aborto inseguro, complicações infecciosas ou hemorragias na gravidez ou após o parto; e as indiretas, ou seja, algum problema preexistente, como hipertensão ou uma doença cardíaca, que foi agravada e levou ao óbito. No Brasil, 77% dos casos de óbitos maternos são por causas diretas e cerca de 25% por indiretas. O restante não é possível determinar por notificação inadequada. O importante é destacar que cerca 90% dos óbitos de mulher em idade reprodutiva no Brasil são casos evitáveis. O aborto inseguro é o principal deles, independentemente da região.

Fonte:Tribuna do Norte-Natal

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