FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

FIM DA VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES
WJDW

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

NOVA SÉRIE DE FILMES COMBATE CULTURA DE SILÊNCIO PERANTE VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES-WOMEN ON FRONTLINE




Há 17 anos, em Abril de 1994, as notícias anunciavam que a violência étnica em Kigali estava a alastrar por todo o Ruanda. Desde então, a comunidade mundial esforça-se por explicar como o genocídio de 800 000 pessoas pôde acontecer perante os olhos de todos, mas o impacto actual da violação ou de qualquer outra forma de violência sexual contra as mulheres continua a ser bem menos discutido.

A violência contra as mulheres é o tema de Women on Frontline, uma série de sete filmes difundida pela primeira vez amanhã, à noite, pela BBC World às 19h 30m TMG a 300 milhões de lares, a fim de ajudar a pôr fim à cultura de silêncio em torno da brutalidade dessa violência.

“A violência contra as mulheres ameaça mais a vida das mulheres jovens do que o cancro, a malária ou a guerra”, disse a cantora britânica e apresentadora da série Annie Lennox. “Afecta uma em cada três mulheres no mundo inteiro. Deixa nas mulheres marcas para o resto da vida e, em geral, é infligida por um membro da família”.

Infelizmente, quando há uma guerra, violação continua a ser utilizada como uma arma.




•No Ruanda, segundo o Centro de Genebra para o Controlo Democrático das Forças Armadas, contam-se cerca de meio milhões de mulheres vítimas de violação durante o genocídio de 1994.


•Na Serra Leoa, há notícia de que 50 000 a 64 000 mulheres deslocadas no interior do país foram alvo de violência sexual por parte de combatentes armados.


•Segundo um inquérito recente, mais de metade das mulheres da província de Lofa no Norte da Libéria sofreram pelo menos um incidente de violência sexual, durante o conflito que durou de 1999 a 2003. Noventa por cento dessas mulheres sofreram pelo menos um incidente de violência física e quase metade declarou que lhe fora proposto mais de quatro vezes ter relações sexuais em troca de favores.


•Durante o conflito que se seguiu às recentes eleições no Quénia e fez já cerca de 1000 mortos e mais de 200 000 deslocados, o hospital de mulheres de Nairobi e o hospital geral da costa de Mombaça registaram um aumento para o dobro ou o triplo – em comparação com o ano anterior – do número de mulheres e crianças que procuraram um tratamento na sequência de violência sexual, em especial após violações perpetradas por gangues de homens.



“Mesmo nos lugares onde não há guerra, os corpos das mulheres continuam a ser campos de batalha. As mulheres e as raparigas correm o risco de ser vítimas de violência no decurso das suas actividades quotidianas – em suas casas, quando se deslocam a pé, quando utilizam transportes públicos para ir trabalhar ou quando vão buscar água ou apanhar lenha. Exigir o fim da violência contra as mulheres tem que ver com proteger os direitos humanos e assegurar que as mulheres vivam em segurança e com dignidade”, diz Thoraya Ahmed Obaid, Directora Executiva do UNFPA (Fundo das Nações Unidas para a População).
Segundo os dados das Nações Unidas, pelo menos uma em cada três mulheres no mundo corre o risco de ser espancada, coagida a ter relações sexuais ou ser alvo de outro tipo de violência durante a vida, e uma mulher em cada cinco será vítima de violação ou de tentativa de violação. O tráfico de mulheres, o assédio sexual, a mutilação genital feminina, os crimes ligados ao dote, os crimes de honra e o infanticídio feminino fazem também parte do problema.

“As lacunas no combate à violência contra as mulheres têm que ver com a falta de vontade política, de recursos e de uma forte participação dos homens e rapazes a favor da tolerância zero. Se não pusermos fim à pandemia da violência contra as mulheres, não podemos realizar nenhum dos outros objectivos acordados: desenvolvimento, igualdade ou paz”, diz Joanne Sandler, Directora Executiva Interina do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM).

O Secretário-Geral das Nações Unidas reconheceu a importância do problema, ao lançar uma campanha plurianual, há oito semanas, que visa eliminar a violência contra as mulheres e as raparigas. No seio das Nações Unidas, numerosos organismos estão envolvidos nos diversos aspectos da luta contra a violência sobre as mulheres.

Na Mauritânia, como Women on the Frontline mostra, as mulheres não devem ter namorados. Se as mulheres são vítimas de violação, são consideradas responsáveis pelo que lhes aconteceu e podem ser presas.

“Encontrámos raparigas que disseram ter sido violadas e foram metidas na prisão pela simples razão de não possuírem provas tangíveis dessa violência”, disse Zeinabou Mint Taleb Moussa, presidente da Associação Mauritana para a Saúde Materna e Infantil. “Preferia que recorressem à justiça ou, melhor ainda, preferia que os rapazes fossem presos e as raparigas, reconhecidas como vítimas”,

Women on the Frontline salienta a violência que as mulheres têm de suportar na sua vida diária e como lidam com ela. Os sete países focados são a Áustria, a Colômbia, a República Democrática do Congo (RDC), a Mauritânia, Marrocos, o Nepal e a Turquia.

Vários organismos da ONU, incluindo o UNFPA e o UNIFEM, países doadores, como a Áustria, organizações não governamentais e outros parceiros prestaram informação e apoiaram a produção da série de documentários.

“Até agora, On the Frontline acompanhava os rebeldes atrás das linhas e filmava no meio dos gangues de rua violentos, mas, desta vez, concentrámo-nos especialmente no quotidiano das pessoas e, apesar dos meus 20 anos de experiência de produção, fiquei chocado ao ver os muitos obstáculos que separam a mulher da igualdade e a violência que têm de suportar”, diz Robert Lamb, Director Executivo da série.

Os sete filmes focam o Nepal, onde 7000 mulheres são todos os anos objecto de tráfico; a Turquia, onde continuam a ser cometidos crimes de honra; Marrocos, onde as militantes políticas que sobreviveram à tortura e à prisão depõem perante uma Comissão Verdade e Reconciliação do Governo; a RDC, onde as mulheres sofrem as piores consequências de dez anos de guerra nas províncias orientais; a Colômbia, onde as mulheres foram torturadas à sombra de uma guerrilha; a Mauritânia, onde as mulheres vítimas de violação podem ir para a prisão; e a Áustria, onde uma nova lei obriga os autores de violência doméstica a saírem de casa.

UNFPA Genebra: Leyla Alyanak +41 79 687 6056, e-mail alyanak@unfpa.orgEste endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar ou Paola Maresca +41 76 222 0129, e-mail maresca@unfpa.org.

UNFPA Nova Iorque: Christian Delsol +1-212-297-5032 ou +1-917-402- 3584,
e-mail delsol@unfpa.orgEste endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar.

UNIFEM: Nanette Braun, +1 212 906 6829, e-mail nanette.braun@unifem.orgEste endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar.

Dev TV e para B-roll: Eva M. Triano, +41 22 909 12 40 or +41 76 344 28 89, e-mail eva@dev.tvEste endereço de e-mail está protegido de spam bots, pelo que necessita do Javascript activado para o visualizar

NOTE: Os horários de difusão de Women on the Frontline estão disponíveis em www.dev.tv. Para os horários de difusão local, queira visitar www.bbcworld.com.

(Fonte: comunicado de imprensa divulgado por UNFPA, UNIFEM e dev.tv em Genebra a 17/04/2008)

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